terça-feira, 24 de junho de 2008

Despedida - Cecília Meireles


Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.

Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)

terça-feira, 10 de junho de 2008

Soneto de aniversário



Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.


Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.


Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.


E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.


Vinicius de Moraes


Homenagem à amiga, irmã de coração que faz aniversário hoje

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Suor, lágrimas e confissões de amor


o clima de despedida dava vontade de chorar
engolia cada lágrima
queria que aquela última noite fosse especial
resolveu nem discutir a relação
ele tocou no assunto, ela desconversou
e engolia cada vez mais lágrimas
depois do vinho, a dança e os amigos,
embaixo do bloco, a despedida pegava fogo
na cama
ela engoliu mais algumas lágrimas
ele engolia seu gozo
de suor, lágrimas e confissões de amor
sem fazer sentido algum
faziam planos
se devoravam
com o gosto voraz da despedida
até que adormeceram juntos
e mais uma vez ela fugiu
antes do sol nascer
e deixou rolar todas as lágrimas presas
de tantos planos que mais uma vez não vão se realizar

O Último pôr-do-Sol

No dia em que você foi embora, eu fiquei
sentindo saudades do que não foi
lembrando até do que não vivi,
pensando em nós dois

Pois no dia em que você foi embora,
eu fiquei sozinho no mundo, sem ter ninguém,
ultimo homem no dia em que o sol morreu

Esse bolg começou pela vontade de ver materializados e de alguma forma resgistrados os sentimentos que ferviam dentro de mim, por conta de uma paixão que acabava de partir...
queria escrever pra ele, mesmo sem ele saber que esse espaço existe
queria ser musa inspiradora e inspirada
...quase um ano depois...
as paixões mudaram,
os sentimentos e motivações também
Hoje, mais uma vez, impregnada pelo amargo sabor de outra despedida, de outra paixão,
canto mais uma vez a música acima
e se alguém perguntar por mim
diz que fui por ai
tentando fazer um samba
pra curar a dor

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Dormes comigo hoje?


"Tomas dizia consigo mesmo: deitar-se com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixoes nao apenas diferentes mas quase contraditorias. O amor nao se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma multidao inumeravel de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (esse desejo diz respeito a uma so mulher)."


dica da semana: "A Insustentavel Leveza do Ser", by Milan Kundera.